Os acidentes de trabalho no Brasil representam um desafio para o desenvolvimento do País. No âmbito social, considerando os dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no período de 2012 a 2017, foram mais 3,8 milhões comunicados formalmente. Os custos decorrentes destes acidentes ultrapassam R$ 4 bilhões por ano.
Somando-se a isso, a queda de produtividade nos ambientes de trabalho em que ocorrem acidentes é evidente, tanto pelo afastamento como pelo clima organizacional impactado pela ocorrência. Esses dados são alarmantes e não têm passado despercebidos por empresários, governo e entidades de apoio aos setores econômicos e aos empregados.
Conforme dados oficiais, ocorrem mais de 700 mil acidentes de trabalho por ano no Brasil, muitas mortes e inúmeros trabalhadores são mutilados e ficam incapacitados total ou parcial, provisória ou permanentemente para o trabalho e até para os mais simples atos da vida humana. O gasto da Previdência Social atinge cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, além dos gastos a cargo das empresas com horas perdidas de trabalho, indenizações por danos material, moral, estético e pela perda de uma chance, das ações regressivas da Previdência Social contra as empresas que agem com culpa e das indenizações coletivas buscadas nas ações coletivas ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho e pelos Sindicatos.
Prevenção como Solução
A cultura da prevenção tem sido ponto de atenção para 71,6% das empresas industriais, como mostrou recente pesquisa realizada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), em nível nacional. Além disso, ano a ano, comissões tripartites vêm trabalhando no avanço da agenda de Saúde e Segurança no Trabalho (SST).
Como resultado, a gestão de SST nas empresas tem se tornado uma questão de estratégia empresarial, vendo a promoção da saúde e segurança do trabalhador como meio de investimento na produtividade e competitividade do negócio. Mas são necessárias ações de diferentes aspectos para tratar das questões relacionadas aos acidentes de trabalho.
A solução passa por investimentos em tecnologia, ergonomia nos ambientes de trabalho, educação e conscientização de todos os níveis hierárquicos. Tais aspectos devem ser gerenciados de forma integrada e baseada numa cultura de prevenção.
Conforme explica Tiago Maestro, diretor do SindMetal Jaguariúna e Região, a Reforma Trabalhista veio a piorar estes dados e as empresas não se dão conta de que os acidentes diminuem seu lucro. “Infelizmente muitos empregadores e o próprio Estado parece que não perceberam ainda que a prevenção de riscos e dos acidentes de trabalho, além de preservar vidas humanas significa melhor qualidade, maior produtividade e competitividade dos produtos e, com isso, mais lucro, que é o principal objetivo do capital”.
Para o diretor, além dessas e outras causas existentes, o processo de globalização da economia, a flexibilização do Direito do Trabalho e a terceirização de atividades têm contribuído para o aumento dos riscos ambientais, o que poderá se agravar com a aplicação das novas regras legais trazidas pela reforma trabalhista, a qual não teve preocupação em melhorar condições ambientais, diminuir riscos do trabalho e preservar a saúde e vida dos trabalhadores. “Esta reforma veio para prejudicar ainda mais a Saúde de forma geral, pois tira direitos e amplia os riscos de forma que se torna cada vez mais fácil um trabalhador se acidentar ou adquirir uma doença no ambiente de trabalho. Como Sindicalista, nosso trabalho também aumentou com a Reforma pois muitos são os riscos a partir de agora”, explica.
Fonte: Assecom SindMetal